quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Don't Break My Heart - Capitulo 33


/ Raquel on



- IRMÃO GÊMEO?! COMO ASSIM, GENTE!!? PELO AMOR DE DEUS! ISSO É IMPOSSÍVEL!!

Os dois abaixaram a cabeça.

-Vocês dois estão me zoando né? Isso não é POSSÍVEL! Eu sou filha única desde que me conheço por gente! COMO PODE SURGIR UM IRMÃO ASSIM DO NADA?! E ainda por cima GÊMEO!!?PAI! MÃE? O QUÊ?! NÃO!

-Filha, é a verdade. - Disse meu pai. Seu me olhar diretamente.

- NÃO PODE SER!! E mesmo se for... COMO VOCÊS PUDERAM TER ESCONDIDO ISSO DE MIM TANTO TEMPO!? VOCÊS SABEM O QUANTO EU ME SINTO SOZINHA DESDE QUE A MAMÃE FOI EMBORA?! SABEM COMO EU PRECISAVA DE UM IRMÃO PRA ME FAZER COMPANH
IA?! AGORA EU JÁ NÃO QUERO MAIS!! NÃO PRECISO MAIS!!




Anelise engoliu tudo séria, mas então lágrimas começaram a cair de seus olhos e ela apertou os lábios. Dava pra ver que tanto ela quanto meu pai sentiam-se culpados com tudo isso. Mas eles já deveriam saber que isso jamais daria certo.



-Filha, quando você e seu irmão nasceram, eu e sua mãe já estávamos separados. Anelise já tinha conhecido François, seu padrasto. Então, nos divorciamos totalmente, e na divisão de bens tudo foi separado. Até vocês dois. Eu fiquei com a menina e ela o menino. Anelise só pôde ficar aqui até o término da amamentação, ela teve que voltar para a França de vez quando o seu irmão...

-Já entendi pai. Chega, já entendi. Minha mãe me trocou por ele.

-Filha, não foi isso!

-CHEGA!! - gritei. - VOCÊS SÃO DOIS MENTIROSOS E NÃO DIGAM QUE PENSARAM EM MIM QUANDO FIZERAM ISSO, PORQUE TAMBÉM É MENTIRA!! SABEM QUE EU NÃO SUPORTO MENTIRA!! Vocês me dão nojo.

Como ninguém falava nada, deixei os dois ali e fui em direção à porta.

-Aonde você vai? - Perguntou meu pai. Eu apenas bati a porta com força e as lágrimas começaram a descer. Lágrimas de ódio.


/Christian on


      Primeiro apareceu a mãe da Raquel toda animadinha e falando francês, depois o pai dela apareceu e meu cérebro entortou de vez: todo mundo falando português. Começaram a gritar um com o outro. Eu só sabia que estava tudo extremamente tenso ali. Nem me meti, nem sabia do que se tratava. Raquel e Anelise começaram a chorar e meu coração se partiu. Não aguento ver mulher chorando...

Raquel passou pela porta e a bateu com força. Lúcio disse alguma coisa e já ia a abrindo-a para ir atrás dela.

-Eu vou. - Falei em inglês, óbvio. Ele entendeu, Anelise nem tanto. Lúcio assentiu com a cabeça e eu fui atrás da Raquel.

     

Quando cheguei lá fora, ela já estava longe, chorando. Corri para alcança-la. Ela virou a rua menos movimentada e sentou-se numa calçada. Ali ela desabou. Fui chegando perto devagar e então sentei em seu lado.

-O que aconteceu lá amor? Conta pra mim...

Ela estava com as mãos no rosto, tapando-o para eu não ver suas lágrimas.

-Amor, olha pra mim... - Levantei seu queixo, seu rosto estava vermelho e seus olhos também. Aquilo encheu os meus olhos. - Me conta. - sequei suas lágrimas.

-Eu tenho um irmão, Christian! Um irmão, - sua voz estava totalmente embargada.

-Mas o que há de...

-Um irmão gêmeo! - ela exclamou.

Senti duas diferentes sensações: Surpresa e embrulho no estômago. Eu nunca tinha imaginado uma versão masculina da Raquel. Nunca mesmo.

Até agora.


-Amor... como isso aconteceu?


Ela me fitou como se eu tivesse dito uma bobeira.

-Até parece que você não sabe como acontece...


Demorei um pouco pra cair na ironia dela. Ela ficou me olhando duvidosamente até eu entender o sentido daquela conversa.

-Ah! Saquei.

-Finalmente! Loiro.

-Nada a ver, nem sou. Não tanto assim... - Ela riu. Tudo o que eu queria. Mas assim que ela terminou de rir, emendou um choro ainda mais alto. Raquel estava em crise.

-Não, não! Raquel, não cho... - Antes de eu terminar, ela me abraçou num ato desesperado e chorou no meu peito. Vê-la tão mal, me fazia ficar mal. Sabe, ela é a razão da minha felicidade, não tem sentido ficar feliz quando ela não está.


-Cara, minha vida inteira foi uma mentira. Minha VIDA INTEIRA! Eu não merecia isso, sério. Nunca fiz nada de mal à ninguém, então por que Deus está me castigando assim?!

-Talvez não seja castigo amor... Deus escreve certo por... - Ela me interrompeu.

-Se você disser "por linha tortas" eu juro que te dou um soco. - Ri em silêncio imaginando a cena. Quando ela quer, tem uma mão pesada...

-O que você quer que eu diga então, amor? Eu faço o que você quiser.

Minha blusa começava a ficar molhada, e eu senti uma lágrima cair dos meus olhos. Por fora uma lágrima, por dentro eu soluçava junto com ela.

-Só diga que vai ficar comigo, vai me apoiar. Você é a única coisa de verdade que eu sinto que tenho, Christian.

Ficamos em silêncio, tudo o que se escutava eram os suspiros da Raquel.

-Eu te amo tanto... - Sussurrei.


(...)


/Lúcio on


      Aos vinte e poucos anos eu era um rapaz tímido, com poucos amigos e muito inteligente. Foi numa noite Outono. Eu estava numa confraternização da minha Faculdade de Administração quando ela passou por mim. Cheia de garotos em volta, todos tentando planejar um jeito de leva-la pra cama. Belos e longos cabelos loiros e um par de olhos tão azuis quanto as águas mais claras do Caribe. A garota mais linda que eu já tinha visto. E a mais desejada também.

      Todos foram para o redor da fogueira, beber, conversar e assim vai. Eu estava bebendo, mas num canto e sozinho. Tinha acabado de terminar um namoro de três anos, ela foi pra Harvard nos EUA e como eu já estava numa faculdade e estava sem dinheiro pra viajar, nem me inscrevi. Decidimos terminar o relacionamento, ela estava cursando Medicina e era mexicana.

      De longe se era possível escutar a conversa e as risadas altas das meninas. Do outro lado do Campus os casais flertavam e nem precisava ter muita sorte pra ter a noite "ganha" com aquelas garotas.

-Olá. - Alguém falou de súbito sentando-se ao meu lado.

Era a bela garota. Meus olhos brilharam.

E olhando-a de perto, percebi que nunca tinha a visto no Campus antes. Nunca estudara lá.

-Oi! - Falei com a voz enrouquecida, já tinha passado da conta em relação a bebida.

-Tudo bom?! Meu nome é Anelise Delacour, mas pode me chamar de Ane. - Em cada palavra que saia de sua boca, um sorriso mais lindo que o outro surgia em seus lábios.

Ela me deu um beijo em cada lado do rosto, cumprimentando-me.

-Melhor agora... - Falei sem prensar. Ela deu uma risadinha e voltou a me fitar.




- Sou Lúcio Belchior. Você, por acaso... Não estuda aqui não é?

-Não... Uns amigos meus, que estudam aqui, me convidaram.

Um silêncio estranho cresceu entre nós dois. Ela bebeu um gole da minha cerveja.

-Você estuda aqui né? Posso adivinhar o que você estuda? - Ela sorriu animada.

-Claro. Manda ver. - Falei tomando um gole da cerveja.


-Hm... Computação Gráfica? - Ela mordeu o lábio.

-Olha, sou muito bom nisso, mas... ops, errou! - Nós rimos. - Faço Administração na verdade. Uma chatice. - Ela riu.

-Deve ser mesmo. Escritório não é muito a minha cara.

-Hm... Então vamos falar mais sobre você. Então, você mora aonde?

-Na verdade... Eu nasci no Rio Grande do Sul... Mas cresci aqui mesmo, não moro muito longe do Campus. Sempre amei as festas que tem aqui!

-Você cursa em algum lugar?

-Eu? Não... Sou muito jovem, mas mesmo assim, não iria querer.

-Não? Por quê?

-Quero viajar pela Europa inteira e não ter obrigações. - Ela deitou-se ao meu lado no gramado e começou a olhar as estrelas que brilhavam intensamente no céu esta noite. Ela as contemplava. Seu olhar quase tão brilhante quanto elas. - Quero ser livre... - Deu uma pausa. Eu não conseguia parar de olha-la. - Quais são seus planos, Lúcio? - Ela sorriu pra mim.

-Hm... Deixa eu pensar... - Anelise se sentou ao meu lado novamente e deitou sua cabeça em meu ombro esquerdo. Seu perfume exalava doce. Parecia que nos conhecíamos há tempos. - Quero terminar a faculdade e começar a exercer minha profissão antes dos 30 anos... Formar uma família antes dos 40... Parar de beber... - Ela riu baixinho. - Virar um grande empresário e... Acho que só. Por enquanto, claro!

-Você tem futuro, Lúcio. Meu sonho era ser modelo ou bailarina. Mas quando minha irmã mais nova, Ammy, morreu de overdose, desisti de tudo e decidi apenas tentar terminar o colégio antes dos 20... - Nós rimos.

-Quantos anos você... - Ela me interrompeu.

-16.

-22.


(...)

     
      E assim nos conhecemos, foi amor a primeira vista. Na mesma noite, fizemos amor numa das salas do colégio. Estávamos perdidamente apaixonados um pelo outro. Até hoje nunca entendi o que ela tinha visto em mim. Eu era apenas um nerd e ela a garota mais linda e espirituosa que eu já havia conhecido.

       Aos 17 anos, Anelise engravidou. Ela brigou com o pai e saiu de casa. Nos casamos quando ela completou 18 anos. Ao descobrimos que eram gêmeos, entramos em pânico. Eu, um estudante de faculdade e ela, tinha acabado de terminar o colégio. Não tínhamos como cuidar dos nossos filhos.

Mas então, os pais dela nos ajudaram até encontrarmos um emprego. Eu consegui um ensinando informática e computação gráfica, Anelise conseguiu como modelo fotográfica de catálogo de fraudas e bebês e fez vários comerciais com o barrigão. Assim, subimos a nossa renda mensal.

     
Infelizmente nosso casamento não durou muito. Começamos a brigar constantemente, qualquer coisa era motivo de briga. Talvez porque assumimos compromisso muito jovens. Anelise queria viver seus sonhos, queria mais a minha atenção, mas eu precisava trabalhar cada vez mais para poder sustentar nossa futura família. E acabava que não tinha tempo pra ela.

      Nosso casamento durou apenas 2 anos. Ficamos juntos por 3 anos ao todo, até que ela conheceu outra pessoa. Uma pessoa que poderia realizar seus sonhos e lhe dar mais atenção do que eu fiz.

      Hoje em dia, Anelise reside na França, seu país favorito da Europa, além de ser filha de franceses e falar francês fluentemente. Ela mora com seu atual marido: François; Suas duas enteadas: Pietra e Fleur; E o irmão gêmeo da Raquel: Roberto.

      Anelise pediu divórcio para poder se casar novamente, desde então eu vivo sozinho cuidando da minha filha. Minha mãe morou no Canadá até seu último dia de vida, por isso não tinha como me ajudar.

      Assim, quando ocorreu a separação de bens, eu fiquei com a casa e ela com um dos gêmeos. Decidimos juntos que nunca contaríamos para os nossos filhos a existência do outro, isso até os dois completarem idade o suficiente para entender toda história: 16 anos.

Idade que Anelise tinha quando nos conhecemos.


(...)



-Eu te disse pra esperar mais um pouco, Anelise! Não era necessário ela saber ainda! Parece que não sabe como é o gênio dela.

      Estávamos ainda na sala, Raquel tinha acabado de sair de casa e não fazíamos a menor ideia se ela voltaria ainda hoje. Eu tinha pela consciência do que estava causando à minha filha. A tristeza que ela poderia estar sentindo nesse momento. Graças a Deus, Christian foi atrás dela, tenho plena confiança nele.

-Lúcio, você não entende que o Roberto quer conhecer a irmã dele? E também quer te conhecer melhor! Do mesmo jeito que eu sou ausente na vida da Rock, você é na vida dele. Acha que eu não sei o quanto ele se sente mal?

-A Raquel nem mesmo uma madrasta teve!

-Padrasto não é a mesma coisa que pai, Lúcio!

Gritávamos um com o outro. Assim como fazíamos na época de casados. A diferença naquela época é:

Nos amávamos acima de todas as brigas.

Mas tudo mudou.

-Meu filho realmente se sente mal com a minha falta? - Falei me acalmando. - Faz anos que eu não o vejo.

-Sim... Mas ele foi compreensivo o suficiente para entender isso. E ele te ama, Lúcio. Ele ama a Raquel, mesmo sem nunca tê-la conhecido.

Ficamos calados por um momento. Os olhos de Anelise se encheram d'água

-Fizemos muita loucura, Lúcio. Nunca deveríamos ter escondido uma coisa dessas deles. Tudo poderia ter sido diferente...

-Éramos jovens e irresponsáveis. Não tinha outra saída.

Uma lágrima caiu de seus olhos e ela virou o rosto, assim como a Raquel, ela odeio chorar em público. Sempre preferiu sofrer em silêncio. Raquel é muito mais parecida com a mãe do que pensa...

Eu tentava ser forte.


-Meu maior orgulho são os nossos filhos. Raquel pode até não ser tão "tranquila" quanto Roberto, mas os três tem uma coisa em comum: Tem uma facilidade enorme para amar verdadeiramente as pessoas. - Ela disse com a voz embargada.

-Três?

-Você, Lúcio. Desde aquela época até hoje, você continua o mesmo.

Fiquei sem palavras. Eu nunca achei que, mesmo com todas as nossas brigas, em todos esses anos, ela pensasse isso de mim. Ela é uma mulher casada agora, decidi voltar ao foco da conversa.

-Quando... quando Roberto conhecerá a irmã?

-Ele está a caminho do Canadá. Deve chegar essa noite. Do jeito que ele e a Raquel são decididos, ele virá direto pra cá.


(...)


/Raquel on


      Eu estava no Mc Donald's tomando Milk Shake com Christian. Eram 19:30 mais ou menos. Eu já estava bem melhor, ele sempre conseguia me fazer sentir melhor. Christian sempre me fazia rir.

-A Caitlin e o Marcos namoram há, sei lá... 4 meses? - Perguntou pra si mesmo - E mesmo assim eu ainda não me acostumei com ele como "Meu cunhado" - Eu ri. - É sério, consigo vê-lo como amigo da minha namorada, não como namorado da minha irmã. Tipo, não rola.

-O Marcos é muito legal, você que é chato! - Ele sujou meu nariz com chocolate. - Seu filho da pu...

Meu telefone tocou. Peguei o celular enquanto limpava o nariz com um guardanapo.

"Pai"  era o oque aparecia no leitor. Pensei duas vezes antes de atender. Já tinham umas 9 ligações perdidas no meu celular. Todas porque eu deixei o celular tocar até cansar.

-Atende, amor. Fala com ele. - Sugeriu Christian. Assenti.

-Fala. - Atendi.

-Onde você está? - Perguntou. - Por que não atende minhas ligações?! - Ignorei esta pergunta.

-No MC com o Christian, o que você quer? - Falei veemente.

-Preciso que volte pra casa. Agora.

Bufei.

-É importante, Raquel!

-Estou indo, tchau. - Desliguei antes dele falar alguma coisa.

Avisei a Christian o que estava acontecendo e ele me levou de volta para a minha casa, que não ficava muito longe.



(...)


       Quando entrei, minha mãe estava sentada no sofá e meu pai em pé perto da mesa, parecia pensativo. Anelise ainda estava com o rosto vermelho de tanto segurar o choro. Parecia que todos estavam a minha espera.

-Filha, tem uma pessoa que quer muito te conhecer... - Falou meu pai baixo, mas com um certo brilho no olhar.

Um garoto desceu as escadas do segundo andar, calças rasgadas e uma blusa do Avenged Sevenfold. Uma das minhas bandas favoritas. Eu não tinha a menor dúvida de quem era, mas mesmo assim custei a acreditar.

Ele chegou bem perto de mim, meio que analisou o meu rosto. Ele parecia emocionado. Meu coração pulava dentro de mim.

-Raquel?




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ZEEEEEENTE ELE APARECEU CRL CRL HUDJSNEHRUFOMRJDNSL

Espero q tenham gostado desse capítulo! Beijos.