sexta-feira, 28 de junho de 2013

Don't Break My Heart - Capítulo 24

/Raquel on

     Eu comecei a falar tudo de uma vez e o que eu mais temia aconteceu: Christian saiu daqui com raiva e com certeza vai fazer merda. Eu não acredito que isso esteja acontecendo!

     Quando ele passou pela porta meu coração disparou e parou por alguns segundos.
Eu dei um soco forte na porta e em seguida subi correndo em direção ao meu quarto, as lágrimas começavam a correr com mais velocidade.

-Filha, o que conteceu? Por que aquela briga?

Passei pelo meu pai como se ele nem estivesse ali, fui direto para o meu quarto. Me tranquei lá e me joguei na cama. Comecei a chorar, e xingar, e socar, e chutar, e espeniar como uma criança. Na verdade eu estava chorando mais de ódio. Ódio de mim por ter falado o que não devia.
Cara, como eu pude ter sido tão babaca a esse ponto?! Eu estraguei tudo!

Porra, se nada aconteceu, eu não tinha nada que ter falado! Merda, merda, merda mil vezes!



/Christian on


     Eu sai correndo daquela casa pra estravasar a raiva que eu estava sentindo. Dessa vez o Justin passou de todos os limites! Ele tentou beijar a Rock! Minha namorada! Como ele pôde?! COMO?!

FILHO DE UMA PUTA MALDITA!

E pensar que... A Rock ia permitir que ele a beijasse. Meu estômago embrulha com essa imagem vindo a minha mente a cada momento! Justin é um traidor, um desgraçado!
Mas e a Raquel? Ela ia me trair se não fosse por Jaxon e Jezzy! Nunca achei que ela fosse capaz disso.

     O toque alto do meu celular me tirou de meus desvaneios. Tirei do bolso e olhei no visor sem parar de correr. Era ela... No impulso, peguei meu celular e com toda a força lancei-o ao chão, assistindo-o se partir em vários pedaços.

"Será que ela já me traiu antes?" 

Essa pergunta martelava minha mente com força. Se ela foi capaz de me trair agora, com certeza já deve ter feito antes.


Como a mulher que eu amo e o meu melhor amigos tiveram coragem de fazer isso comigo?



/ Justin on


-Para com essa viadagem e joga essa porra direito! - Gritei discutindo com a televisão.

Eu estava na sala de estar assistindo ao jogo dos Lakers.

Desde a primeira vez que eu vi a Raquel, não posso negar que a achei muito atraente. Nunca pensei que fosse desenvolver sentimentos por ela. E logo ela! Logo a namorada do Christian... QUE MERDA! Ela é linda demais e está sendo cada vez mais difícil ter que apaga-la de mim. Claro, a gente nem ficou, mas eu não paro de pensar nela. Os nossos encontros são poucas horas nas reuniões, mas eu me sinto tão bem com ela! Ela é tão espontânea e engraçada. Ela é linda por dentro e por fora.

Sinceramente, eu não me arrependo de ter tentando beijá-la. Se eu não tivesse tentado, eu ficaria me remoendo por ter perdido uma oportunidade como essa. Mas agora estou me remoendo por ter tentado. Estou muito confuso e não sei o que fazer, ela não sai da minha cabeça. Eu queria que isso parasse! Cada um pra um canto e nada aconteceu.

Ding dong...

A campainha tocou, meus empregados devem estar almoçando há essa hora.
Pausei a televisão, e fui atender a porta. Quando abri, fui surpreendido com um soco no maxilar.

Ok, eu mereci.

-Que porra é essa?! - Exclamei quando a porta se fechou atrás de mim. Até que eu senti outro soco forte no meu olho direito. Toquei o canto da minha boca que começou a arder, estava sangrando. Quando ergui o olhar, era...

Christian!

Ele estava tomado pelo ódio.

Quando veio me dar outro soco, eu esquivei.

- Cara, o que você ta fazendo?! - Eu o empurrei. - Qual foi, Christian?!
-Você beijou a Raquel seu filho da puta! Porque você fez isso?! - Estávamos gritando um com o outro.

Puta que pariu, ela contou mesmo! 
Eu gelei.

-Responde, caralho!

-Eu tô apaixonado por ela! - Explodi. Ele me lançou outro soco no rosto. Ta, eu mereci esse também.

-Como você pode dizer isso?! Você era meu melhor amigo, seu babaca! - Ele me empurrou.

-Eu não consegui controlar! Cara, eu sinto muito!

-Entao você realmente a beijou?! - Ele parecia incrédulo.

-Sim! - Menti. Mesmo estando arrependido, ainda quero a Raquel pra mim. E só assim pro Christian terminar com ela.

-Então ela mentiu pra mim... - Ele sussurrou, parecia que estava falando mais pra si mesmo.
- Além de me trair ela ainda mentiu pra mim! - Gritou.

Nesse momento, os seguranças da casa chegaram. Christian veio pra cima de mim novamente mas eles o pararam.

-Me larga, porra! - Gritou.

-Soltem-o! - Exclamei. Eles o soltaram.

-Eu sei o caminho da saída sozinho!

Ele virou as costas e foi embora.


(...)


/Christian On


37 chamadas não atendidas, 24 mensagens e 13 mensagens de voz. Todas da Raquel.

     São 3:00 da manhã, não consigo dormir, meus pensamentos voam longe, longe até demais. Eu fico pensando como ela pôde ter tido coragem de fazer isso comigo, achei que me amava!

Ta Christian, foi só um beijo... Mas não interessa! Porque só de imaginar ele pegando no que é meu...

Ou pelo menos era...

Mas agora nada mais importa. Não vou conseguir engolir essa história. Não assim tão fácil.

E lá vem mais uma mensagem de voz da Raquel caída na caixa postal.

Decidi escutar.

"Chris... - sua voz estava chorosa. - você não está atendendo minhas ligações.... Meus créditos estão no fim, mas eu nem me importo na verdade. - ela deu uma breve risadinha seguido de um suspiro. -  Provavelmente você nem deve escutar, mas como eu disse: Não ligo, vou continuar tentando. Se você terminar comigo, eu não vou entender, porque realmente não fiz nada. - Senti meu sangue ferver. Ela continuava mentindo. - Eu só liguei pra dizer que ainda te amo, mesmo você não acreditando em mim, mesmo você provavelmente me julgando. Eu estou magoada por você duvidar da minha palavra agora. Mas só quero que se lembre que eu... " 

A ligação havia caido antes dela terminar o que tinha pra dizer. Provavelmente seus créditos tinham acabado. Uma lágrima brotou dos meus olhos, lancei um soco na cama. Empurrei o travesseiro forte contra o rosto e gritei. Gritei de ódio. Eu ainda não acreditava que a mulher da minha vida, havia me traído e ainda por cima mentido pra mim! Logo ela que se dizia contra malditas mentiras!


Eu rolava na cama, não conseguia dormir, já passava das 04:30 e nada. Eu não sabia o que fazer. Queria acreditar nela e falar que ta tudo bem. Mas meu orgulho me dizia que ela havia me traído com o meu melhor amigo e que o que eu tenho que fazer é que terminar com ela.


(...)

Dois dias depois...



/Raquel on

    
     O domingo passou se arrastando. Nem sinal do Christian. Meu pai ta começando a ficar preocupado. William e Daiana vieram aqui conversar comigo, eu nem abri a porta do quarto, nem pra dar um simples "Olá". Preferi ficar sozinha. Eles me conhecem, com certeza vão entender.

Eu espero...

Decidi parar de ficar me lamentando, já devo ter deixado umas 50 ligações no celular do Christian. Não vou ficar me humilhando mais.

Essa manhã eu acordei um pouco melhor. Mas tive que passar um pouco de pó no rosto, minha olheiras estavam pulando.

Fui pro colégio sozinha de skate. No caminho, vi um grandalhão em cima de um enorme Longboard, andando rapido e despreocupadamente pela rua. Já sabia de longe...

Era William.

Fiquei com um pouco de vergonha de chamá-lo. Eu tinha meio que "enxotado" ele e a Daiana da minha casa. Mas mesmo assim, derrapei meu eskate na frente dele, fazendo-o parar.

-Oi... - Comecei a conversa em português. Falei sem graça.

-Oi! - Ele desceu do skate e veio na minha direção me abraçando. - Você ta melhor?! - Perguntou me apertando até demais.

-William... você ta esmagando meus órgãos internos.

-Íh, foi mal. - Ele me soltou e ficou parado na minha frente, esperando eu me manifestar.

Coloquei uma mecha atrás da orelha tentando disfarçar meu nervosismo.

-Hm... Will... desculpa não ter te recebido direito ontem lá em casa, eu estava realmente mal com tudo o que havia acontecido... Eu sinto muito mesmo.

-Não precisa se desculpar, ta tudo bem. Sei como você é, já deveria ter imaginado que você iria preferir ficar sozinha.

Ficamos em silêncio por um momento.

-Mas você quer me contar o que aconteceu? - Perguntou colocando as mãos nos bolsos.

-Mil tretas mano. - Abri um sorriso torto.

-Tô com tempo. - Falou retribuindo meu sorriso.

Puxei seu braço direito, olhando as horas em seu belo Rolex preto.

-Na verdade não tem não! - Rimos brevemente.

-Tem problema não, entro no segundo tempo. - Insistiu.

Eu equilibrei meu peso na perna esquerda,ficando um pouco de lado.

-Bom... Meu pai me levou à uma reunião na casa da família Bieber (...)

Ele escutava tudo calado e sem expressão, o que chegava a dar medo na verdade. Só as vezes que ele assentia com a cabeça, me encorajando a continuar. 

-Enfim... Justin tentou me beijar e eu acabei contando ao Christian por me sentir culpada...

Suspirei. Seus olhos se arregalaram.

-E ele conseguiu?!

-Não. Mas Christian acha que sim!

-Que babaca... - Falou baixo, como se nem percebesse que tinha dito.

-Eu sei...  - Falei no mesmo tom que ele, só que em inglês. Acho que nem ouviu.

-E como se sente sobre isso? - Perguntou apertando um pouco os olhos. Os sol estava começando a aparecer realmente e começava a implicar com seu campo de visão.

-Como acha que eu me sinto?

-Mal?

-Por aí.

     William acabou me levando pro colégio. O fiz levar minha mochila. Com ele eu até esquecia os meus problemas. A todo momento ele me fazia cair na gargalhada. Ele é um ótimo amigo. Sempre me escuta e sempre me apoia em tudo. Ele é demais.

     Nos conhecemos no verão, logo quando eu descobri a pista de skate do parque. Eu tinha acabado de chegar no Canadá e tudo parecia ter virado um Inferno depois de eu ter largado a Inglaterra. Fui muito feliz na Inglaterra, escutar o sotaque britânico regularmente é o que eu sinto mais falta.

     Quando chegamos, avistei Chaz, Ryan e Justin. Will me abraçou e me deixou na porta do colégio. Passei sem falar com ninguém, só com Abbie. Na verdade, tudo não passou de um "Bom Dia" ou um "Olá", apenas. Entrei direto no colégio e esperei o sinal tocar lá dentro. Eu não queria olhar pra cara de ninguém.

     A aula estava seguindo bem, até o sinal do segundo tempo tocar. Christian entrou na sala pálido, como uma cara de sono que parecia elenco do The Walking Dead. Parecia que ele não dormia há dias na verdade.

-Posso entrar professora? - Peguntou. Quando percebeu minha presença ali, fechou a cara. Eu desviei o olhar fulminantemente e passei a mão no cabelo.

-Pode sim, senhor Beadles. - Ele passou por mim sem nem olhar na minha cara. Aquilo me deu uma vontade de chorar tão grande! E o pior é que se eu não fizer nada, vou ter que conviver com isso até as férias. Ou até a gente se entender.

Prefiro a segunda opção.


     Depois de mais algumas horas na aula de Inglês e Literatura, o sinal do intervalo tocou. Eu saí com Abbie. Christian não pisou do lado de fora da sala. Ficou cochilando lá dentro.
Me deu uma vontade tão grande de fazer carinho nele. Ficar lá dentro com ele o intervalo todo. Mas eu não podia dar o braço a torcer, não agora.

     Quando o sinal da saída tocou, ele foi saindo numa velocidade absurda. Eu soquei meu livros dentro da bolsa e saí atrás dele.

-Christian! - Falei no meio da multidão de alunos loucos para irem embora. Ele fingiu que não escutou e continuou andando. - Christian! Porra, tô falando com você!

Ele andava rápido, eu quase corria pra acompanhar. Quando o alcancei, o puxei pelo capuz do casaco.

-O que você quer? - Falou ríspido, me olhando com certo desprezo.

-A gente precisa conversar!

-Eu não tenho nada pra falar. - Ele se virou e já ia continuar a caminhar quando eu o puxei com mais força.

-Mas eu tenho! Que porra! Da pra me escutar?! - Disse séria. Ele respirou fundo e começou a me encarar. - O que ta fazendo? - Franzi as sobrancelhas.

-Esperando você falar o que é tão importante. - Disse sínico.

-Como a gente fica?

Ele riu alto, sínico. Como se estivesse zombando de mim. Algumas pessoas em volta estavam olhando.

-Como a gente fica?! - Repetiu minha pergunta com o tom de voz mais alterado. - Depois de você ter me traído com o meu melhor amigo? Ta me zoando né? - Me fitou com deboche e uma pitada de incredulidade.

-Então você ta terminando comigo? - Falei firme. Ou tentava parecer. Ele ficou me encarando um tempo, eu me mantive a todo momento.

-Sim. - Ele se virou e voltou a caminhar. Eu o segui andando rápido.

-Por que você está terminando comigo se, pela milésima vez, eu não fiz nada!?- Ele parou e me encarou, dessa vez, com total desprezo.

-Além de cachorra é mentirosa também?

Eu não conseguia acreditar no que ele havia dito. Lancei-lhe um tapa forte na cara, fazendo-o virar o rosto e deixando a marca dos meus cinco dedos tatuados na cara dele.

-Cachorra e mentirosa é o caralho! Eu já te disse que não fiz nada, porra!

-Não foi o que aquele filho da puta disse. - Apontou para a porta da sala de Justin com raiva.

E então virou as costas novamente e eu o deixei ir. Eu estava paralizada.

Como assim Justin tinha me desmentido?!



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                                 + 9 Comentários

Mas e aí? O que estão achando?!


Pelo menos postei o segundo capítulo em um mês :D ! #Parei


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quinta-feira, 6 de junho de 2013

Don't Break My Heart - Capítulo 23

3 Semanas depois...


/Raquel on


     Os dias passaram e nem sinal da minha mãe. Ela sumiu, me esqueceu, desapareceu. Mas mesmo sendo uma mãe desnaturada, às vezes sinto uma saudade tão grande dela... Poxa, ela é minha mãe! 

Na verdade, esse lance dela sumir nem é novidade pra mim. Ela sempre esquece momentos importantes pra mim. Ela está ocupada demais cuidando das filhas do marido dela e constantemente esquece da própria.

E nesses pensamentos, acabei caindo em uma lembrança, uma lembrança da qual eu odeio recordar:


/flash back on

14 de fevereiro de 2007, Brasil.

     Eu tinha apenas 11 anos, fazia aula de ballet e hip hop durante dois anos numa renomada academia de dança.
    
     Era uma noite chuvosa, eu era uma das alunas mais aplicadas. Aquela foi uma noite da qual eu jamais esqueci. 

     Estava quase na hora da minha apresentação, o lugar estava lotado. Eu estava muito nervosa, com aquele enjôo, típico do nervosismo.

A apresentação começou...

Eu estava linda, flutuando e bailando junto com as minhas colegas, dançava com todo o meu coração, estava muito feliz....

Nós já estávamos no final da apresentação, tinha sido tudo muito perfeito. Quando de repente eu escorreguei no pano do vestido de uma das meninas e cai feio no chão! O refletor veio em cima de mim e o show parou. Todos trouxeram seus olhares pra mim e começaram a rir sem parar, as gargalhadas ecoavam pelo salão todo. 

Minha mãe estava na platéia, mas estava bêbada e como fica muito sentimental nessa situação, veio correndo até o palco para tentar me ajudar junto com um ex-namorado. Só que em vez de me ajudar, ela VOMITOU
 bem em cima de mim!

As risadas só aumentaram. Eu queria morrer.


Eu me senti extremamente humilhada e saí correndo pelos fundos.

Corri chorando pelas escadas encharcadas debaixo da chuva. E como minha visão estava embaçada e também estava escuro, acabei escorregando outra vez e rolei dois lances de escada, assim quebrando a perna. Na verdade fiquei com uma fratura exposta ,ou seja, o osso da minha perna atravessou minha pele e ficou pra fora. 


Eu estava sozinha, na chuva, no escuro e com uma dor tão forte que eu chegava a agonizar.


Depois de quase 15 minutos, minha professora escutou os meus gritos, me achou e me levou para o hospital com a ajuda dos seguranças. Eu tinha perdido muito sangue, acabei desmaiando e só fui acordar no pronto-socorro do hospital na noite do dia seguinte. Meu pai ficou desesperado quando soube e quase processou a minha mãe por maus-tratos, mas eu pedi para que não fizesse. 


Até hoje eu tenho uma quase imperceptível cicatriz na perna esquerda. Peguei um trauma tão grande de dança que eu nunca mais fiz qualquer tipo de coreografia desde aquele dia. Eu passei um pesadelo naquela noite, e me lembro também que ela estava no hospital quando eu acordei e se ligou na merda que tinha feito. Eu ainda estava de cama quando ela apareceu tentando me pedir desculpas, eu simplesmente a mandei ir embora porque eu nunca mais queria ver sua cara outra vez. Depois desse dia, ela nunca mais bebeu, nunca mais tocou em bebida e eu só voltei a falar com ela depois de meses.


/flash back off


(...)

     Ontem eu não dormi direito, pois no dia seguinte teria prova de matemática e biologia, estou tensa porque se eu tirar mais notas baixas, fico de recuperação.

      Hoje eu acordei de mau humor. Tive um sonho muito estranho. Justin tentava me beijar, mas Marcos e William me puxavam pra trás.

Sentei na cama, respirei fundo e suspirei.

Franzi o cenho, "Mas que diabos eu tô fazendo?" pensei quando olhei no relógio e percebi que fiquei na cama tempo demais lembrando do sonho.
Me levantei e passei a mão no cabelo.

Enquanto caminhava até o banheiro, lembrei que hoje eu tenho mais uma reunião do meu pai pra ir. Outra vez com o Jeremy.
Nem sei o que vou vestir, mas acho que tenho algumas horas pra pensar nisso...

Me despi e entrei debaixo do chuveiro quente, fiquei apenas 15 minutos por lá. Quando eu não fico pensando na vida, não demoro muito.

Saí de roupas íntimas e com a toalha enrolada no cabelo, olhei atravez da janela e percebi que estava chovendo lá fora. Fazendo, talve
z, o dia ficar mais bonito. Não tô mesmo no clima pra sol.
Meu pai saiu mais tarde hoje, então eu tive a oportunidade de tomar café da manhã com ele. Logo em seguida, Christian veio me buscar para irmos juntos até aquela amostra de inferno, mais conhecida como ensino médio. Caminhamos sem pressa até lá. Hoje começavam-se as provas, e eu tenho certeza que a vaca da Ally, minha nova professora, não aliviaria pra ninguém na de matemática.

     Eu mal comecei a prova e já estava tensa, já li e aposto que não vou tirar mais de 5. A prova era de multipla-escolha e tipo... eu terminei em 20 minutos. Como não podia ficar na sala, eu fui para o pátio. Percebi que a escola toda estava em prova. Só tinha eu, algumas pessoas do 1º ano e maior parte do 3º. Eu meio que estava representando o 2º ano de alguma forma.

Eu estava distraída ouvindo Taylor Momsen e nem percebi que alguém sentou ao meu lado... Retirei meus fones e trouxe minha atenção a quem quer que fosse.

Era Megan.

-Oi jovem! - Ela disse sorridente como sempre.

-Ah, oi Megan!

-E aí como é que você ta?

Nesse momento, Ashley estava descendo junto com Norma... Norman... Normani! Junto com uma das fiéis seguidoras, Normani.

-Estou bem, e você?

-Tudo tranquilo, mas acho que me ferrei na prova de matemática.

-É nós! - Batemos as mãos.

Do nada ela entrou em outro assunto:

-Meu namorado terminou comigo... - Meus olhos se arregalaram, e então me veio a mente: "Mas como em sã consciência um garoto tem coragem de terminar com a Megan? Uma garota com o físico e humor perfeitos como os dela?"

-Ah meu Deus! Sério?! Eu sinto muito! - Eu já ia abraçá-la, quando se manifestou.

-Não sinta! Foi ótimo! Eu não aguentava mais aquele pé no saco! - Ela meio que cuspiu as palavras. Eu gargalhei. Fiquei preocupada por nada. - E além do mais ele terminou porque eu traí ele. Trouxa. - Deu de ombros.
-Ah, está explicado.- Ri.

-Mas mudando de assunto... Aquele seu amigo loirinho tem namorada?  - Perguntou num tom mais baixo, com o olhar travesso.

-Quem? Justin?

-Não! Bieber é outro mala! - Eu ri alto. Concordo. -Tô falando do outro... Que vive andando com ele.

-Aaah! É mesmo. O Ryan?

-Esse aí!

-Que tem ele?

-Ele tem namorada ou não?

-Olha, eu acho que não, por que?
-Que interessante... Não nada não.

-Uhum... sei! - Ela riu.

Megan abriu a boca pra falar, quando ia dizer algo, Ashley chegou perto do mural e escreveu seu nome numa letra imensa em um papel amarelo grande. Depois ela e Normani foram até a cantina comprar uma garrafa d'água -Ou não querem ficar indo ao bebedouro toda a hora, ou se acham boas demais pra beber no mesmo lugar que os outros- e então veio na nossa direção.

-Oi amiga! - Falou sorrindo, não deboxadamente, era aparentemente verdadeiro. Eu estranhei.
-Oi Ash! - Megan respondeu se levantando e a abraçando, dando um beijo em seu rosto logo em seguida. Parecia que não se viam há um tempo.
-Viu as inscrições desse ano? - cruzou os braços e fez meio que uma pose. Nem olhava na minha cara, o que me incomodava um pouco pois parecia que eu não estava ali.

-Sim! Os grupos começaram a se formar. Percebi que voce não perdeu tempo, já se increveu. - Elas riram brevemente. "E como se inscreveu!" pensei. Sua letra está pegando quase o papel todo, como se quisesse que ninguém mais se inscrevesse ali. - Daqui a pouco vou me inscrever também, só não fazia questão de ser a primeira. - Deram uma breve pausa e então Megan continuou. Eu só observava. -Esse ano você vai criar grupo próprio?

-Pfff! Mas é claro né Meg. Ninguém daquele segundo ano sabe dançar direito, nem fazer um passo pro lado compassadamente essas trouxas conseguem!

      Megan e a "bonitinha" conversaram por mais algum tempo enquanto eu ficava navegando no 4G do celular do Chris.

     Depois que ela foi embora, Megan dirigiu sua palavra à mim novamente:

-Gosta de dançar?  - Minhas mãos começaram a suar repentinamente.

-Hm... Não, er... não sei dançar. - Menti.

-Jura?! Achei que dançasse. Não sei por que, mas... é que... tipo... Ah sei lá! - Rimos juntas.

-Mas como funciona esse negócio de dança?

-Bom, tem um campeonato de meio de ano onde as turmas competem dançando. As vezes podem se misturar pra fazer um grupo. Mas enfim, como esse ano eu repeti de série, no ano passado eu dancei com o segundo ano mesmo sendo do terceiro. O time que ganhar a competição ganha 2 pontos na média de cada matéria. Entendeu moça? - Assenti. - Então, vai se inscrever? Ainda acho que você deve ter algum talento por baixo dessas roupas prestas e rasgadas. - Eu ri.

     Christian tinha acabado de cruzar o corredor até o pátio, ele provavelmente estava conversando com alguém lá, ele nunca demora tanto pra fazer prova. O sinal tinha acabado de tocar quando ele passou os olhos pelo pátio e me encontrou no canto conversando com Megan. Fez um sinal com a mão me chamando para ir pra sala.

-Tchau Megan. - Acenei caminhando até ele. Ela sorriu acenando de volta.


-Pensa no que eu te falei! - Sugeriu enquanto eu me afastava.

     Passei pelo mural secando a folha de incrições com os olhos.

-Que foi? - Ele perguntou passando a mão pela minha cintura.

-Nada não. Vamos?

-Vamos.

     O resto das aulas foram tranquilas. A manhã terminou e as aulas também. Quando eu estava descendo as escadas para a saída, avistei o papel sendo balançado pelo vento que corria pelo pátio naquele momento. Ele meio que me ipnotizou... Fui caminhando até ele e todas as minhas apresentações começaram a passar pela minha mente, até a última em 2007 no Brasil, quando aconteceu o acidente. Fazia tempo que eu já não dançava. Estava com certeza enferrujada, mas só de observar aquela folha solta, conseguia me imaginar dançando. Minha mente dizia não mas meu coração estava pulando querendo que eu puxasse uma caneta da minha mochila e escrevesse meu nome ali.

-Hey! - Christian me chamou chegando mais perto.

-Que foi?

-Não vai embora comigo não? - Ele olhou para onde eu tanto olhava. - Você dança? - Percebeu no ato o que aquele papel significava.

-Hm... um pouco... -Respondi meio que sussurrando.

-Ta pensando em se inscrever?

-Eu não sei...  Me espera lá fora, Chris?

-Ta bom então. - Ele me roubou um selinho e saiu.

     Eu fiquei conversando comigo mesma por vários minutos na frente daquele mural, sabia que se não fisesse o que eu tinha que fazer ficaria meio que em "conflito interior" depois. Eu estava sozinha pensando e discutindo comigo e minhas malditas lembranças. "Vamos lá Raquel, não seja covarde" pensei. Respirei fundo umas três vezes. Num movimento não planejado, puxei a caneta e escrevi lá "Raquel Belchior 2º ano" catei minha mochila e sai correndo feito uma maluca antes que eu mudasse de idéia.

-Fez? - Christian perguntou me recebendo na porta da saída.

-Ér... tipo isso. - Ele riu.

-Tipo isso? - Ele riu.

-Aham.

-Então ta bom. - Eu não tirava o sorriso dos lábios.


(...)


     Devem ser umas 16:30. Eu tô pensando na minha mãe outra vez. Ela já esqueceu 5 aniversários meus, nunca foi em nenhuma festa de Dia das Mães, e eu ficava lá fazendo a homenagem com os coleguinhas, todos com suas mães, menos eu. O meu pai sempre ficava no canto assistindo pra eu não ficar tão triste depois. Ele sempre fez tudo por mim. Trabalha dia e noite incansávelmente pra nos sustentar.

Minha mãe tem duas enteadas: Sarah e Pietra. Ela mora na França com elas e com o seu marido milionário François (Se pronuncia Franssoá). Eu estava sentada na minha cama com as costas na cabeceira. O meu pai estava em casa, deciciu que hoje iria ficar no escritório de casa e não da empresa.

O único sinal de luz era os fios de sol vindos da janela. Minhas luzes estavam apagadas eu estava na parte escura do quarto, como eu sempre fico quando preciso ficar sozinha e pensar.

Crescer sem uma figura feminina cheia de amor e que vai estar com você até nos momentos mais difíceis, é terrível. Muito mesmo. Eu nunca escutei aquele "Eu te avisei". Quando eu vejo alguém reclamando porque a mãe não deixou ir na balada ou enxotou aquele namorado maconheiro da casa da filha, eu fico puta da vida porque eu daria tudo pra ter uma mãe que se preocupasse comigo. Sem falar naquelas garotas escrotas que não gostam de sair de mão dada com a mãe ou odeia aqueles apelidos carinhosos tipo "Meu bebê" e dão logo um fora na coitada. Quem me dera uma mãe aqui pra passear de mãos dadas ou uma mãe que me desse apelidinhos amorosos como esses, queria alguém que me acordasse de manhã pra me dar Feliz Aniversário ou Feliz Natal. Mas eu não tenho nada disso, e eu invejo as pessoas que tem.

Quando eu percebi, as lágrimas já escorriam dos meus olhos.




Uma vez, quando eu tinha 12 ou 13
 anos, a gente saiu pra ir ao cinema, quando o filme terminou ela disse que já voltava, que só ia conversar com uma amiga. Eu fiquei esperando os créditos acabarem numa cadeira do cinema e vi que ela ainda estava conversando com a amiga. Depois de algum tempo, percebi que a minha mãe não estava havia voltado ainda, quando olhei pra trás novamente, não tinha mais ninguém na sala, o lanterninha pediu pra eu sair e eu fiquei duas horas sentada na escada do cinema esperando ela voltar pra me buscar. Ela me esqueceu.

Quando recordei isso também, minhas lágrimas não queria mais cessar. Elas corriam pelo meu rosto livremente, eu estava precisando chorar mesmo. "O que eu fiz pra merecer isso?" sussurrei em meio as lágrimas.




(...)

     Devem ser umas 18:45 já, depois de tanto chorar acabei cochilando. Está quase na hora da reunião do senhor Jeremy e o meu pai, dessa vez vai ser na casa dele. Irá acontecer às 20:00. Como sei que demoro demais pra me arrumar pra essas coisas, corri pro banheiro, me despi e corri pra debaixo do chuveiro. Saí e coloquei um vestido vermelho, um salto alto preto e uma maquiagem fácil de fazer. Já eram mais ou menos 19:45, meu pai já estava me gritando da sala. O coroa tava todo elegante. Eu desci as escadas correndo quase caindo com os saltos.

-Partiu? - Falei quando firmei meus pés no chão.

-Que?

-Esquece pai! Vamos.

Fomos no carro novo do meu pai, no caminho ele dizia o quanto eu estava linda e o quanto eu havia crescido e ele não havia percebido. A viagem nem foi tão longa, a única esperança pra que eu não morra de tédio, é o fato de que Justin provavelmente deve estar presente. Ele é divertido...

     Quando chegamos, havia uma casa que devia dar umas 5 da minha. No dia da festa do Justin, estava tudo escuro e eu não reparei muito. Agora sim dava pra ver a puta mansão que era. Uma casa realmente linda e bem cuidada. Na porta, uma senhora de cabelos negros, lisos e olhos azuis estava a nossa espera. Deduzi que fosse a esposa do senhor Jeremy.

-Boa noite senhor e senhorita Belchior! - Deu beijos e cada lado do meu rosto e do meu pai também. - Eu sou a Patrícia, esposa do Jeremy. Senhor Belchior, vou te acompanhar até o escritório dele. A senhorita fica aqui que eu já volto. - Ela tinha um sorriso doce. E piscou pra mim na última frase. Já vi que iria me livrar dessa reunião chata.

Pattie levou meu pai até lá e voltou ao meu encontro.

-Então você é a famosa Raquel que seu pai tanto fala? - Eu assenti sorrindo. - E é tão bonita!

-Que nada dona Pattie, a senhora que é! -Ela riu.

-Olha, vou te levar pra conhecer meu filho Justin. Melhor do que ficar naquela reunião chata que nem eu aguento. - Nós rimos.

-Eu conheço o Justin! Onde é que ele está?

-Está no quarto, eu te levo lá.

A casa tinha elevador! Subimos até o terceiro andar. Ela me levou até o cômodo e depois voltou para a sala. Eu bati na porta duas vezes até que ele abriu.


/Justin on

      Essa noite haveria reunião do Jeremy com o Lúcio e outros administradores do troço que eles tão fazendo, e eu não faço ideia do que seja. Raquel virá aqui em casa hoje e eu não paro de pensar nela! Espero não estar gostando da namorada do meu melhor amigo. Eu fico pensando no jeito que ela fala. As gíria londrinas e os palavrões em português que ela pronuncia frequentemente e nem percebe. Ela é diferente de todas que eu já conheci e às vezes me xingo mentalmente por causa da vontade de tê-la só pra mim mesmo pertencendo a outro.

     Eu estava deitado na minha cama olhando pro teto, pensando como vou mostrar o meu zero em matemática pra minha mãe, quando de repente alguém bateu na porta. Olhei no relógio e já eram 20:15 , nem tinha visto a hora passar. Levantei depressa ajeitando o cabelo e a calça que já estava quase no joelho, me olhei no espelho rapidamente e abri a porta. Ela estava lá, com aquele sorriso aberto.


-Oi! - Falou ainda sem entrar no quarto. Eu estava ipnotizado olhando aquele sorriso. Porra Justin! Você está se apaixonando pela mina do seu melhor amigo!
Não me controlei e acabei sorrindo junto com ela.

-Justin? Posso entrar?
-Ah claro! Foi mal. - Ela foi entrando no meu quarto enquanto olhava em volta. - Caramba... Justin, seu quarto é do tamanho da minha sala de estar! - Ela se virou pra mim. Nem me preocupei em fechar a porta. Sabia que ficaria ainda mais difícil de me controlar perto dela.

     Raquel caminhou até a minha cama enquanto eu só observava, ela se sentou e retirou seus saltos, ficando descalça.

-E aí? O que temos pra hoje? - "Que tal sexo selvagem até de manhã?" pensei.

-Pista de skate. Gosta? Eu sei que você chega na escola todos os dias de skate aí né...

-Ham?!



-Exatamente o que você escutou! - Falei ainda de pé.

-SÉRIO? AAAAAAAH! - Ela começou a se abanar.



-Mas os velhos não vão perceber? - Perguntou se acalmando.

-Que nada, relaxa. E eu tenho sete skates. Por escolher. - Ela parecia tão feliz que não conseguia se segurar no próprio corpo, e então fez uma das suas famosas "Happy Dance":



-Então vamos logo! 
    
Ela entrou correndo dentro do meu closet, saiu com um skate no pé, outro na mão esquerda e um par de supras pretos meus. Empurrou um skate até mim e ficou com o que estava na mão.

-Aonde vai com os meus tênis? - Falei antes que ela cruzasse a porta.

-Acha que eu vou andar de skate com aquele salto? - Respondeu levantando uma das sobrancelhas.

-Anda descalça ué. - Falei brincando, claro que eu não seria egoísta a ponto de não emprestar um par de tênis a ela.

-Mas machuca Juju... - Ela fez beicinho.

-Ta bom! - Ela desfez o bico e sorriu outra vez.


-Obrigada Juju! - Ela fez um coração pra mim. Gargalhei.


-Anda logo garota!

Raquel caminhou a casa inteira descalça, preferiu assim pra não fazer barulho de passos quando passássemos na porta do escritório do meu pai.

-Melody, abre o portão da pista pra mim por favor?

Melody é minha governanta desde de que nasci. Na hora ela destravou o portão pra mim.

-Obrigada.

Dei um beijo no rosto dela e saí com Raquel até o portão.

-Feche os olhos. - Pedi.

-É necessário mesmo?

-Sim, anda logo. - Ela riu. E tapou-os.

-Pronto e agora?

-Apenas siga o belo som da minha voz... - Ela gargalhou.

Eu a puxei pela mão atravez do portão e a soltei, deixando com que andasse sozinha no escuro enquanto eu procurava a merda do interruptor.

-Não vale espiar, hein! - Eu já estava com as mãos em cima da alavanca.

-Não tô espiando?! Já posso olhar? - Disse se virando pra mim, provavelmente deve estar seguindo mesmo o som da minha voz.

-Espera! Calma aí. 3... 2... 1... Abre os olhos!

E então eu acendi as luzes. Minha pista de skate tinha luzes de estádio e a floresta ficava bem ao lado, dando a vista de uma paisagem perfeita.


Sem citar que a minha pista brilha no escuro, por isso eu não deixei a Raquel olhar.

Quando ela se virou pra ver, caminhei até chegar ao seu lado. Seus olhos brilharam quando viram aquela maravilha.

-Gostou?- Perguntei pisando forte no skate e assim fazendo com que ele pulasse para a minha mão.

-É incrível! Uma pista própria! Cara, isso é totalmente foda!

E então ela me fitou pela primeira vez naquele espaço, as luzes refletiam em seus olhos impressionados.

Logo em seguida ela colocou os Supras com uma rapidez incrível.

-Então... Vamos cair? - Sugeri.

-Só se for agora!

Eu joguei o skate no chão e saí em disparada, quando olhei pra trás, elas fez isso:


Logo em seguida veio atrás de mim, eu já estava dentro da pista. Ela estava do lado de fora e vindo em alta velocidade. Quando estava chegando perto da borda, ela não freava. Meus olhos se arregalaram. Ela ia cair.

-CUIDADO! - Gritei.

Ela simplesmente piscou pra mim e fez isso:



Descendo para dentro da pista com uma leveza  filha da puta.

Quando ela chegou perto de mim, meu coração ainda batia rápido.

-Garota! Você é maluca? Bateu a cabeça? Quase me matou de susto!

-Ai, calma menino! Vai ficar com cabelo branco precocemente se continuar assim! Confia em mim. Faço isso desde pequena! - Respirei fundo.

-Só me avise quando tentar me matar do coração. - Ela riu. - Mas então, vamos continuar sem assasinatos dessa vez?

-Ta bom Juju! Mas fica tranquilo ta?

-Rum.


(...)

     Quando era mais ou menos umas 22:00, voltamos de fininho para o meu quarto. Decidimos subir de escada mesmo, acho desnecessário ter um elevador em casa.

Chegamos no meu quarto caindo na gargalhada porque quando estávamos passando pela porta do escritório, Raquel tropeçou e derrubou o skate no chão fazendo um barulhão, tivemos que sair às pressas.

     Ela entrou no quarto terminando de rir, eu estava logo atrás dela. Raquel se sentou na cama e tirou os meus Supras.

-Pode deixar em qualquer lugar. - Falei encostando no criado-mudo. Ela colocou ao lado da cama.
Comecei a olha-la sem pudor. Ela estava realmente linda e sempre que fazia uma manobra complicada, segurava o vestido com as mãos me fazendo rir.

Raquel sorriu sem graça quando percebeu que eu a olhava.

-Que foi Justin?  


Por impulso, eu comecei a caminhar até ela. Quando eu já estava quase chegando, ela me olhou pelo reflexo do espelho.

Sem pensar em porra nenhuma a virei pra mim e fixei minha mão em sua cintura. Quando eu a puxei pra beijá-la, ela colocou a mão no meu peito me impedindo e me fitou confusa. Antes que eu pudesse falar alguma coisa, alguém abriu a porta e as vozes finas de duas crianças ecoaram pelo meu quarto.
Raquel me empurrou antes que percebecem algo.

Eram Jazzy e Jaxon. Meus irmãos mais novos.

-Boboo! Boboo! Eu quero brincar! - Jazzy correu até mim segurando a mão de Xon.

-Mas Jazzy, está muito tarde, você deveria estar dormindo. - Falei a pegando no colo.

-A mamãe colocou nós dois pra dormir, mas eu acabei acordando e eu quero brincar Jus!

Jazzy e Xon estavam de pijama, Xon estava segurando um ursinho.

-Quem é essa menina, Bieb? - Jazzy olhou Raquel desconfiada.

-É uma amiga minha Jazzy, Raquel. Diz oi pra ela.

-Oi, amiga do Boboo!

-Oi Jazzy. é um prazer te conhecer! Não sabia que Justin tinha irmãozinhos.

Jazzy saiu me pizoteando e foi pro colo de Raquel. Elas começaram a "conversar".
Coloquei Jaxon no meu colo e comecei a socializar com ele.

-E você garotão? Não ta deixando nenhum moleque chegar perto da sua irmã não né? - Ele riu e negou com a cabeça. Jaxon não é de falar muito. Por isso existe a Jazzy, que fala pelos dois!

-Oi Jaxon! - Raquel falou estendendo a mão pra ele, que logo em seguida a apertou.

Ficamos ainda um tempo com as crianças, até que deu 22:30 e estava ficando realmente tarde.

-Gente, isso aqui ta muito bom, ta legal mas vocês tem que... - Alguém me interrompeu.

-O que essas crianças estão fazendo aqui? Já deveriam estar na cama há um tempão!

Minha mãe entrou no quarto andando rápido. Pegou Jaxon no colo e ia pegar Jazzy pela mão, mas ela recuou.

-Mãe, eu quero ficar aqui mais um pouquinho com o Boboo e a amiguinha dele!

-Mas Jazzy, você tem que dormir, querida. Amanhã cedo, vamos comprar aquela boneca Barbie que você queria tanto amor!

-Ah , então... ta bom! Tchau Boboo. - Ela me deu um beijo no rosto. - Tchau Raquel! - Acenou pra Raquel enquanto caminhava até a porta junto com a minha mãe.

-Tchau, sweetie. - Respondeu.

Quando todos sairam do quarto, minha mãe fechou a porta. Só ouvi Raquel se manifestar:

-JUSTIN! O que foi aquilo? Ta ficando louco?! Se o Christian souber disso, ele...

-Não, ele não precisa saber! Não aconteceu nada aqui. - A interrompi.

-Mas é claro que não porque eu não deixei!

-Raquel... Não dá pra ver que eu... eu estou me apaixonando por você? - Me virei pra ela. Raquel parecia estática.

-Ta me zoando né?

-Eu pareço estar zoando?

-Puta merda, Justin! Tantas garotas te querendo nesse mundo e você vai se apaixonar pela namorada do seu melhor amigo?

-Eu sei! Tô me odiando por isso! Mas é porque você é diferente de todas elas, você não é nem um pouco fútil. Por exemplo: Sabe aquelas garotas que dão um escândalo se a unha quebra? - Ela assentiu.- Então, só de te olhar da pra perceber que se a sua unha quebrar, você corta tudo sem pena, entendeu? - Ela riu do jeito que eu estava falando as coisas, tropeçando nas palavras.

-Sim Justin, eu entendi! Eu sinto muito... Mas... Justin, er... Desculpa mesmo. Eu não...

-Raquel? - Minha mãe a chamou. - Querida seu pai já está indo.

-Ok, obrigada Pattie, diga que eu já vou, por favor?

-Tudo bem. - Ela saiu e eu então me levantei.

-Pelo visto a noite acabou... - Falei sorrindo sem ânimo.

-Ér... Tenho que ir. Tchau Juj... Justin.

Ela já ia saindo quando chamei sua atenção.

-Não vai se despedir direito não? Que isso, mal educada. Andou na minha pista, usou o meu skate, falou com os meus irmãos, entrou na minha casa, se "hospedou" por algumas horas no meu quarto, e vau saindo assim? - Ela riu.

Caminhei até Raquel e a puxei para um abraço, ela correspondeu e quando terminamos, disse um "tchau" e saiu pela porta.


/Raquel on

     Me despedi de Jeremy e Pattie, e então eu e meu pai voltamos pra casa.
O caminho todo eu fui pensando no que quase tinha acontecido. Aquele sentimento de culpa começou a crescer no meu interior, mas por que, se nada havia acontecido?

Christian vai ficar puto se souber disso, ele vai brigar com Justin e talvéz até comigo!


(...)

     Hoje eu acordei com dor de cabeça, fiquei com insônia ontem à noite pensando no que tinha acontecido, ou quase acontecido. Eu só queria saber porque eu estou tão mal assim? Raquel, NÃO ACONTECEU PORRA NENHUMA GAROTA! Era o que minha mente gritava enquanto eu tomava banho. Hoje não teria aula, mas Christian viria aqui pra me ver. Hoje é sábado e meu estômago está embrulhando por conta culpa.

Enquanto eu penteava o cabelo, a imagem dos lábios de Justin pertinho dos meus me vinha a cabeça o tempo inteiro, o que me sufocava.
Escolhi uma roupa básica, passei uma maquiagem leve e desci pra almoçar. Pudera né, acordei às 11:30 e agora são 12:30.

Droga de pensamentos confusos!

     Hoje o meu pai pôde comer comigo finalmente, conversamos um pouco e então ele voltou para o escritório. Escovei os dentes e logo em seguida a campainha tocou. Tive que descer pra atender a porta pois Rebecca já está com quase 5 meses de gravidez e ainda não pode trabalhar, além do mais eu disse ao meu pai que não teria problema ficar uns tempos sem empregada.

-Heey. - Ele falou quando abri a porta. Christian me puxou levemente pela cintura e me deu um beijo no rosto.

/Christian on

     -Heey! - Falei ao vê-la. Ela abriu um sorriso torto e eu dei-lhe um beijo no rosto. Entrei na casa e me sentei no sofá junto com ela. - Te liguei várias vezes ontem à noite, o que aconteceu?

Passei a mão em seu rosto colocando um mecha atrás da orelha logo em seguida.

-Ér... - Ela parecia meio nervosa. Desviava o olhar a todo momento. Respirou fundo. - Chris, eu tenho que te contar uma coisa...

-Que foi? - Fiquei meio assustado com o jeito que ela disse.

-Ér... sabe porque não te atendi ontem?

-Hm? Me diga, por quê? - Ela desviou o olhar novamente, me deixando ainda mais confuso.

-É que eu não tava em casa... - Respondeu. Parecia desconfortável com aquilo
.
-Raquel, o que aconteceu? Ta me deixando nervoso.

-Eu vou falar de uma vez então. Preparado?

-Acho que sim...

-Ta bom então... Ontem eu fui à casa do Justin por causa de uma reunião do meu pai Pattie me levou pro quarto dele pra gente não atrapalhar depois fomos andar de skate na pista dele aí voltamos de volta pro quarto aí a gente começou a conversar depois eu conheci os irmãos dele e ele tentou me beijar.  - Ela falou tudo sem uma pausa.

-COMO É QUE É? - Gritei me levantando do sofá. - ELE, O QUÊ?!
 
-Chris calma! Não aconteceu nada! - Ela falou ainda no sofá.

-COMO ASSIM NÃO ACONTECEU NADA? RAQUEL, ELE TE BEIJOU!

-Mas é claro que não! Ele não me beijou. Só tentou...

-E O QUE VOCÊ FEZ?! - Eu falava praticamente gritando com ela.

-Ér... os irmãos dele apareceram e... Mas não ia acontecer nada EU JURO! - Aquilo foi como uma facada no meu peito.

-ENTÃO QUER DIZER QUE SE O XON E A JAZZY NÃO TIVESSEM APARECIDO, VOCÊ TERIA DEIXADO?!

-NÃO CHRISTIAN, NÃO É NADA DISSO! CONFIA EM M-I-M! NADA TERIA ACONTECIDO! - Ela gritou também se levantando. Seus olhos já estavam marejados.

-O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI?! - Lúcio apareceu no topo da escada.

-Nada não pai... - Raquel respondeu em português. Ela tinha uma facilidade muito grande pra mudar os idiomas.

-Olha só, a gente conversa depois! Agora eu tenho que fazer uma coisa. - Saí dali com o meu sangue borbulhando.

-NÃO! CHRIS, VOLTA AQUI! POR FAVOR! - Ela estava aos prantos vindo atrás de mim. Segurou em meu braço antes de eu abrir a porta.

-Raquel me larga. - Falei seco sem se importar com o pai dela assistindo à tudo. Ela me soltou.

-Mas Chris... - Sua voz estava embargada. Bati a porta com força.

Tenho que resolver uma coisa pendente.



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 E aí minhas lindaas! (Foi mal a demora) Mas esse capítulo ta enorme né gente pfv!

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