domingo, 16 de março de 2014

Don't Break My Heart - Capítulo 37

/Raquel on     


      Eu fiquei de cara fechada a viagem toda. Só no avião eu dei uma relaxada lendo uma revista qualquer. Eu acho que ainda não me dei conta da gravidade da situação: Estou saindo do país, da América do Norte, estou indo para a Europa, outro continente e não avisei a ninguém. Como eu ainda não fiz um chilique?

Com certeza devem haver um milhão de mensagens da Daiana, perguntando por que eu não apareci. Foi por uma boa causa, tenho que admitir. Mas é que faz tempo que não saímos juntas e ela está começando a achar que estou a deixando de lado. Não quero que pense isso, afinal, ela é minha melhor amiga e nada vai mudar isso.

Eu adoro viajar de avião, mas eu estava me sentindo tão... mal! Christian vai ficar muito puto quando souber dessa viagem por outra pessoa! Uma hora ele estava comigo e agora eu saí do país com a louca da minha mãe na bagagem. Oi? É isso mesmo?


/Christian on


      Levantei cedo, hoje era dia de faxina. Eu detesto o dia da faxina. Toda a família Beadles tem que faxinar cada cantinho da casa.

Mamãe: Cozinha e Área de Serviço
Caitlin: Quarto e Banheiro
Papai: Terraço inteiro e Quarto do casal.
Eu: Sala e Quarto.

Depois a gente tira no pedra, papel e tesoura quem vai limpar a garagem. Coitado de quem perder, deve ter até gente morta ali.


Liguei o rádio do meu quarto no último volume, o chão chegava a tremer. Estava tocando "Get Lucky". Faxinar com música é muito melhor e o tempo passa mais rápido.

Como sempre meu quarto está - relativamente - arrumado, demorei 20 minutos pra terminar a faxina completa. Tempo recorde! Caitlin demora a vida pra arrumar o próprio quarto. Só o closet dela, é quase Nárnia!

-ABAIXA ISSO, CHRISTIAN! - Gritou meu pai de súbito.

-Já terminei mesmo... - Desliguei o rádio. O silêncio ressurgiu quase ensurdecedor. O som estava realmente alto.

Meu quarto estava limpíssimo. Com cheiro da homossexual Lavanda.

Homossexual porque... O quarto dos garotos da minha idade fedem a gambá morto... Nada de lavanda! Mas, pois bem... Esses caras não devem costumar transar em seus respectivos - e repugnantes - quartos... provavelmente. 

Hm... virgens.

Em duas horas terminei minhas tarefas. Tomei um banho rápido e logo já estava a caminho da casa dela. Acho que vou me mudar pra lá, já virou minha segunda casa.


As férias só haviam começado! Cait me convidou pra viajar com ela e Marcos para a Atlanta por uns dias. Claro, acompanhado de Rock. Porém, eu ainda estava pensando no assunto porque eu tinha em mente uma viagem para Vancouver com ela.

Em longos 15 minutos de caminhada, lá estava eu tocando a campainha. Ela bem que podia me dar uma cópia da chave, eu não saio mais daqui!

Não demorou muito e Lúcio abriu a porta. Eram pouco mais de cinco horas da tarde. O céu começava a falhar a luz do sol. Lúcio parecia levemente assustado em me ver, mas não falei nada.

-Olá, Christian.

-Boa tarde, senhor Belchior... A Raquel está?

Ele entortou a boca. Parecia com um pouco de receio de me responder.

-Puxa! Christian... Ela ainda não te contou?

-O que ela não me contou? - Comecei a ficar apreensivo.

Ele deu uma breve pausa.

-Anelise irá se casar esses dias. Raquel e Roberto foram com ela para presenciar a cerimônia.

-Pra onde? Quanto tempo a Rock vai ficar longe?

-Ele foram para... a Europa. França. Vão ficar por lá pelo resto das férias.

Eu fiquei paralisado.


-Senhor Belchior... hoje é algum dia comemorativo de pegadinhas no seu país? Por favor diga que sim e que está brincando.

-Sinto muito Christian, esse dia foi há alguns meses. Estou falando sério.

-Por que ela não me avisou? - Perguntei calmo, mas com mil pensamentos e com o sentimento de desespero começando a me tomar.

-Christian, ela tentou. Ela tentou mesmo. Foi uma viagem relâmpago. Ela teve menos de uma hora pra se arrumar, arrumar as coisas e tudo mais. Tenho certeza que ela mal pode esperar para entrar em contato com você.

-Hm... Ta certo, senhor Belchior. Já vou indo, vou tentar ligar, mandar mensagem... Algo assim. Bom dia para o senhor.

Abri um sorriso amarelo, virei as costas e sai andando, completamente perplexo.

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