quinta-feira, 14 de maio de 2015

Don't Break My Heart - Capítulo 39

/Raquel on


-Mãe, Franz quer falar com a senhora. Não sei  o que é.

"Franz" é uma abreviação de "François". Não é que eu tenha pego intimidade tão rápido assim com ele, é só que Franz fica mais fácil do que François (Pronúncia: Franssoá). Ele é como um pai para o meu irmão, o criou desde pequeno, e o mais lindo é que Franz não teve preconceito dele ser filho de outro homem, criou Roberto como se fosse seu próprio filho. Ganhou mais um ponto comigo.

-Ah, ok. Filha, fique a vontade, a casa é sua. - Ela saiu rapidamente do quarto. Roberto entrou.

Seus olhos são exatamente da mesma cor que os meus, sua pele está levemente pálida e nossos narizes tem a mesma curvatura. Só que ele tem sardinhas bem claras no rosto, quase imperceptíveis, o deixando ainda mais adorável. Ele é meu irmão, mas é um garoto lindo.

-E aí? Gostou? Minha mãe se encarregou de toda a decoração. Não sei se você gostou do rosa do carpete, você aparenta não gostar muito desse tipo de cor, mas minha mãe encomendou de última hora e a loja não...

-Não... Está ótimo! Eu adorei, sério.

-Ah, então se é assim tudo bem...

Ele olhou em volta, analisando o quarto. Ficamos em silêncio por um breve momento, isso acontecia bastante entre nós e às vezes chegava a ser desconfortável.

-Quer ajuda pra desfazer as malas? - Ele sugeriu.

-Ah, não precisa, eu estou bem. Deixa que eu me viro aqui. - Dei de ombros. Eu realmente não precisava de muita ajuda, além do mais, só eu sei aonde fica cada coisa na minha bagunça e aonde colocar cada coisa. É uma loucura.

 Ele sorriu. Um sorriso diferente, um tanto malicioso. No melhor sentido.

-Ta certo... Quando terminar, me chama, vou te mostrar o lado bom de Paris! - Eu ri. Foi exatamente isso o que eu disse pra ele quando chegou no Canadá. Roubou minha frase!

-Então ta certo, engraçadinho. - Ele fez uma careta.

Eu e Roberto temos uma ligação estranhamente forte, nos conhecemos de verdade há poucos meses e já estamos tão íntimos! Não achei que seria assim tão fácil. Às vezes parecemos dois estranhos um com o outro quando surge aquele vácuo na conversa e ninguém fala nada, mas segundos depois parecemos dois irmãos de verdade quando começamos a tirar sarro da cara um do outro. Não vejo grandes problemas na nossa relação. Na verdade, acho até engraçada.

Ele saiu do quarto e eu arrumei tudo o que tinha de ser arrumado.


(...)


-Já foi na Torre Eiffel?! - Ele falou animado, quase saltitante.

Mal cheguei e Roberto já quis me arrastar pelas ruas à fora. Será que ele tem um botão de desligar?

Espero que não.

-Hm... Na verdade não... Quando eu vim para a França, fiquei há três horas de Paris. Não tive o prazer de ver a torre ainda.

-Tá a fim de ir? Ela fica à 20 minutos daqui! Da até pra ver da janela do sótão.

-Se é assim, então vamos!

Mesmo com dois casacos, sendo um deles de pele grossa, eu estou com frio. Nem parece que morei em Londres por tanto tempo. Estou completamente desabituada ao frio!

Já havíamos caminhado por pouco mais de 10 minutos, e eu já conseguia ver o topo da torre por cima das árvores, quando uma garota bem ruiva um pouco mais alta e mais magra que eu, cruzou meu caminho e abraçou Roberto. Na verdade, ela pulou em cima dele, literalmente. Suas pernas estavam ao redor de sua cintura e Roberto a segurava firme num região pouco acima dos quadris. Ela sussurrava palavras em francês. Disse que estava feliz em vê-lo.

-Je suis très heureux de vous voir aussi! - Ela tinha decido do seu colo quando ele disse que também estava feliz em vê-la. A menina se virou pra mim e começou a me dar saudações em francês. Tentei falar mas meu queixo tremia muito por causa do frio e eu acabei me enrolando. Roberto me salvou. Ele disse para a menina que eu era a famosa irmã gêmea dele. Ela respondeu:

-Sûr elle est votre sœur! Vous avez deux le même nez. - (Claro que ela é a sua irmã! Vocês dois têm o mesmo nariz!). Eu e Roberto caímos na gargalhada. Ela tinha razão em relação a isso.

O nome da garota era Augustine e estudava música junto com o Roberto, tocava baixo. Além disso eles eram muito amigos, já rolaram uns amassos entre eles mas a amizade permaneceu mais forte. Ela já sabia que Roberto tinha uma irmã gêmea. Ele contou para todos os amigos, claro! Ali, o nome Raquel viraria celebridade, todos já sabiam da história. Roberto tinha uma banda e tocava guitarra, ele amava música. No começo François não apoiou muito isso, mas quando viu que o menino tinha talento, o deu força pra continuar, como um bom pai. Roberto contou tudo isso no caminho pra torre depois da menina ter ido embora. Não demorou muito até chegarmos na famosa Torre Eiffel. Era imensa! O dia estava um pouco nublado e as folhas amarronzadas, uma bela paisagem outonal. O jardim estava estava bem aparado e as árvores alinhadas, tudo perfeito, parecia uma pintura do mais talentoso artista. Tenho sorte de estar aqui pela primeira vez com ele, meu irmão.

Com certeza Roberto estava cansado de ver aquela torre, mas era a minha primeira vez. E eu via em seu olhar que só de estar na minha companhia, sua irmã, era tão animador para ele quanto estar ali pela primeira vez.


(...)



Três dias depois...



 /Christian on



-Bom dia, senhor Belchior, a Raquel ligou?

      Hoje é o terceiro dia em que venho até a casa dos Belchior perguntar se a Raquel ligou, mandou mensagem, deu alguma notícia... qualquer coisa. Ontem, Lúcio me convidou pra entrar, passamos horas conversando. Falamos sobre mim, sobre ele, sobre o irmão e a mãe da Raquel, sobre a minha família... Conversamos bastante. Foi a primeira vez que sentamos e conversamos de verdade, ele é um homem com um ótimo vocabulário e eu me esforcei ao máximo para estar à sua altura. O inglês de Lúcio era uma mistura de sotaques - já que ele havia rodado o mundo inteiro trabalhando - diferente da Raquel, que quem não a conhece, diz que ela é britânica nascida, criada e enrustida.

Eu queria saber se ela está bem e porque ainda não deu nenhum sinal de vida. A única explicação razoável é que ela esteja ou morta, ou morrendo, ou no meio do mato, porque ela não vive sem eletrônicos se não estiver nessas condições. Eu sei que ela precisa de um tempo com o segundo lado da família, mas é agoniante ela simplesmente ter evaporado e não ter tido a sensibilidade de avisar a ninguém por tanto tempo. Os nossos amigos não param de me perguntar se ela está bem ou coisa e tal, e eu não sei o que responder pois não faço a menor ideia. Estou começando a ficar com raiva, muita raiva! Eu estou aqui preocupado e ela deve estar se divertindo na França e foda-se as pessoas que se importam com ela no Canadá!

Depois de sair da casa do senhor Belchior, fui comer num fast-food qualquer pois eu não estava a fim de almoçar em casa. Depois fiquei um pouco no parque central fazendo absolutamente nada, só não estava a fim de ir pra casa. Eu estava com raiva, saudades, indignado por ela ter sido tão egoísta assim. Ela podia ter falado alguma coisa, qualquer coisa. Poderia ter ligado, mandado mensagem, uma carta, um pombo-correio, um sinal de fumaça. Não é fácil ficar tanto tempo sem notícias da pessoas que se ama, não é fácil mesmo.

Fui pra casa do Chaz direto do parque. Não tenho nada pra fazer lá mas não tenho nenhuma ideia melhor. Ficamos conversando e zoando, isso me animou bastante, demos muitas risadas juntos. Fiquei lá até a metade da tarde, faltavam ainda três horas pra noite cair e eu já estava ficando cansado pois tinha ido cedo na casa da Rock. Cheguei em casa e fui direto pro meu quarto, tirei a camisa, deitei e demorei um pouquinho para dormir pois ela não saía da minha cabeça. Ah como eu sentia saudades dela! Três dias sem notícia não estava sendo uma coisa fácil de lidar, afinal, eu a amo. O que posso fazer? Eu daria tudo para tê-la comigo, poderia até ter viajado com ela se eu tivesse sido avisado antes, estamos de férias e eu não faço ideia de quanto tempo ela ficará com a mãe no outro lado do Oceano.

Fui acordado bruscamente com a minha mãe me gritando do andar debaixo me pedindo pra ir fazer não sei o que pois ela estava ocupada. Acordei com mais sono do que quando fui dormir, mas me forcei a sair da cama. Desci as escadas sonolento mexendo no cabelo, aquilo já virara uma mania. A campainha estava tocando, deveria ser isso o que tanto alarmou minha mãe e me tirou do meu soninho de beleza. Deveria ser uma escoteira pedindo para comprarmos doces ou algo do tipo, estou com fome mesmo, ainda bem que deixei minha carteira no bolso da bermuda que estou usando. Abri a porta e deixei o sol de fim de tarde aquecer o meu rosto e ver quem tinha me arrancado do mundo dos sonhos.

-Sentiu saudades?

Aquilo era impossível! Eu deveria ainda estar sonhandoCACETE! 

Lá estava ela, ao vivo e a cores na minha porta. Com seu sorriso mais largo e olhar mais penetrante do que nunca. Raquel Delacour Belchior estava ali bem na minha frente.

E eu sentia um misto de vontade de beijar e vontade de esganar.

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Pois é leitoras, se ainda tiver alguma. Tirei uma folga de um ano das fanfics e um dia decidi voltar a postar porque eu odeio coisas incompletas, sem um fim de verdade e esclarecedor. Por isso, mesmo se ninguém estiver lendo, eu vou continuar postando para as leitoras que um dia clicarem no meu blog. E eu não quero que elas pensem "Aff q bosta n ta finalizada n vou saber o q vai acontecer mimimi" porque é assim que eu ficaria. Bom, agora estou de volta e só paro no último capítulo, dessa vez é sério. Eu devia ter dado mais valor a fanfic quando tinha seus 1000/2000 acessos em cada capítulo, mas o que posso fazer né. Bem, se alguém ainda estiver aí, você terá um final, prometo. Beijos.

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