sábado, 6 de outubro de 2012

Don't Break My Heart - Capítulo 6


/Christian on


      Na hora da saída eu vi a Rock distraída esperando por alguém, muitas pessoas já tinham ido embora.

Eu fui totalmente franco quando disse que realmente sinto algo, que realmente gosto dela. Esse sentimento é novo pra mim, não sei lidar com isso muito bem... Se a Ashley não fosse tão boa de cama, eu a deixaria e seguiria em frente com a Rock, tentaria levar isso adiante. A Ashley é tão superficial e fácil, uma vadia completa. Mas de qualquer jeito, ela é minha vadia particular.

Rock estava ligando para alguém, eu não cheguei perto porque eu não queria atrapalhar, não queria mais motivo pra ela gritar comigo. Quando desligou, eu a abracei por trás e dei um beijo carinhoso em seu rosto. Ela me olhou sorrindo e eu retribui seu sorriso. Eu estava pronto para beijá-la quando tudo aconteceu muito rápido:

Raquel me deu um tapa forte no rosto, que começou a arder instantaneamente.

Caralho! O que eu fiz?!

Com certeza seu dedos ficaram tatuados em mim! No começo eu não entendi o porque daquilo, mas então ela começou a gritar comigo e a falar rápido... e eu finalmente entendi:

     Ela havia descoberto!

Havia descoberto a maldita aposta que eu fiz com o Justin antes de conhecê-la e descobrir que ela é infinitamente melhor do que eu pensava. Raquel cuspiu as palavras em mim, seu ódio era claro. Nojo e desprezo transparecendo pelos olhos e pela voz. Vê-la chorar fazia o meu coração se partir, ainda mais quando o culpado sou eu. Eu deveria ter cancelado isso no momento em que comecei a desenvolver sentimentos por ela. O nosso tempo juntos, por mais que pouco, foi ótimo. Até as brigas. Não acredito que isso esteja acontecendo! Não acredito! Não acredito! Não acredito!
Merda! Tudo menos isso! Não! Inferno!

Eu não sei o que fazer!

Fui pra casa assim que ela foi embora, não queria ficar pras perguntas da platéia, seria ainda mais humilhante. Quando cheguei, minha mãe estava na cozinha cantarolando enquanto lavava a louça, passei sem que ela me visse. Meu pai estava trabalhando. Fui para o meu quarto rapidamente e sem que eu percebesse, Caitlin entrou logo atrás de mim com uma caixa de primeiros socorros, fechando a porta cautelosamente para que a mamãe não escutasse. Eu nem sabia que ela havia me visto:

-Se meteu em briga de novo Sr. Beadles? - Caitlin se sentou na cama, se virou pra mim irritada e abriu a caixa de primeiros socorros, eu nem vi que o canto da minha boca estava sangrando. A unha da Rock devia ter me cortado. Ela segurou meu rosto e passou um algodão molhado em álcool por cima. Aquilo ardeu.

-A garota que eu me apaixonei fez isso. Eu fui um idiota e ela me deu um tapa na cara na frente de todo mundo. - Deitei a minha cabeça no ombro da Caitlin. Brigamos sempre, mas sempre apoiamos um ao outro. É nosso papel de irmão. - E nisso tudo, o que mais doeu foi o jeito que ela me olhou.

O queixo dela caiu. Ela nunca me viu assim por mulher, e como eu, achou que nunca veria.


-Ina-cre-di-tá-vel! Eu não acredito que estou viva pra ouvir isso! Meu irmãozinho está apaixonado! Porque ela é tão especial? Você não é o fodão do Ensino Médio? O que essa menina tem de diferente pra vocês ficar assim tão mal? - Eu soltei uma lágrima de raiva e tristeza, que caiu na perna dela. Não acredito que eu esteja chorando por mulher... Cacete, Raquel! – Meu Deus! É pior que eu pensei! Não chora não! Odeio te ver assim! - Ela levantou o meu rosto e eu percebi que ela queria chorar também, por minha causa. Inferno, não!


-Eu fiz uma aposta: se eu a beijasse em menos um mês, eu ganharia 80 dólares. – Deitei a cabeça no ombro dela outra vez. – Ela é uma garota de personalidade forte, ela é verdadeira, valente, e como pode ver, muuuito explosiva. – eu sorri de leve nesse momento, a Catilin riu:

-É! Deu pra perceber! – se referindo ao tapa que ela me deu, eu desfiz o sorriso.

-E eu descobri que realmente gosto dela no mesmo momento em que ela descobriu essa maldita aposta. Ela me deu um tapa na cara e todas as palavras que ela disse ficaram gravadas na minha cabeça. Ela disse que eu estraguei tudo de verdadeiro que ela sentia por mim, e disse pra eu nunca mais olhar na cara dela. O que eu faço, Cait?  – Ela me abraçou e disse:

-Maninho, você fez merda. Mas eu sei que não foi sua intenção magoá-la! Você precisa reconquistá-la. - Falou chorando também, a Caitlin sempre foi muito manteiga derretida.

-Porra, Cailtin, para de chorar! - Falei com a voz embargada.

-Para de chorar você, merda! - Secou a lágrima dos olhos.

(...)

/Raquel on

     

      Eu e o Will fomos caminhando até o parque Central de Stratford, escalamos e sentamos no topo de uma pedra bem alta pra ver o parque do melhor ângulo. Eu coloquei o skate no meu colo, deitei minha cabeça em seu ombro. Do topo da pedra onde estávamos, dava pra ver o pessoal lá em baixo: Famílias fazendo piquenique, outros brincando com seus animais, grupos de amigos rindo e conversando entre sí, crianças brincando e correndo... Uma realidade realmente ótima, poderia observar aquilo o dia inteiro. O silêncio entre eu e o Will não nos incomodava, na verdade nos unia de uma forma que as palavras não conseguiam.

-O que aconteceu lá? – Will disse acariciando meu cabelo. Ele estava todo cuidadoso comigo, como se eu fosse quebrar com o minimo descuido. Eu lhe contei tudo o que aconteceu e ele escutou calado, eu não soltei uma só lágrima. Eu até tive vontade de chorar, mas seria de raiva por continuar gostando daquele filho da puta partidor de corações maldito idiota retardado.

(...)

     Passei a tarde toda com o William no parque, tomamos sorvete, passeamos, deitamos na grama pra ver os formatos nas nuvens... Ele sempre me fazia sentir melhor quando eu precisava.

Eu cheguei em casa e meu pai estava em seu escritório, decidi ir até ele ficar um tempinho por lá. Antigamente, eu ficava muito tempo em seu escritório caladinha quando me sentia muito sozinha. Eu apenas o observava trabalhar em silêncio, mas era melhor do que nada. Aquilo estranhamente me confortava e me fazia sentir bem melhor. Odeio ficar sozinha de qualquer jeito.

-Oi pai... - sorri sem ânimo enquanto me aproximava.

-Oi minha filha! – Ele me olhou rapidamente e sorriu de volta.

Me sentei numa das poltronas que ficavam de frente à mesa dele. Do outro lado, ele estava guardando uns papéis. Sempre atarefado. Como alguém pode gostar tanto de trabalhar?

-Como você está? – Falei desfazendo o sorriso vagarosamente.

-Eu estou bem! Cada dia mais trabalho pra fazer, mas fora isso... - ele ergueu o olhar pra mim e sorriu - eu estou bem sim! Seus olhos sempre costumam sorrir junto com você, agora eles parecem tristes! O que aconteceu? - Mesmo nossa relação não sendo das melhores, ele me lia como uma revista.

-Ér... só estou com muito sono!  - Fingi um bocejo. Ele bocejou junto comigo. Era inevitável, bocejos são coisas contagiosas. Nós rimos.

Ele me olhou desconfiado. Eu não gosto de mentir, mas ele já tem problemas demais para ficar se preocupando com os meus também. Além disso, já estou na idade de resolver meus problemas sozinha! Já passei por desilusões amorosas, claro. Mas acho que nenhuma doeu tanto como agora. Com certeza.

-Boa noite, papai. Sinto sua falta... - Sorri levemente num ar de saudade, ele me lançou um olhar acolhedor, se levantou e eu me levantei junto. Abriu seus braços e me envolveu neles como se eu ainda fosse aquela garotinha de oito anos que ele sempre amou. Parecia que todos os meus problemas haviam sumido por um momento.

- Eu te amo, abelhinha. – Era assim que ele me chamava quando eu era pequena.

-Eu te amo, garotão! - Meu pai tinha disposição para tudo, o que não era muito normal pra pessoas da idade dele. Seus amigos da Europa o chamavam de "garotão" e eu acabei aderindo à esse apelido.

Nos soltamos depois de um tempão. Eu o desejei boa noite e fui para o meu quarto. Um turbilhão de socos no estômago vieram. Estou apaixonada há cerca de uma semana e é uma dor que eu não desejaria ao pior dos meus inimigos. Eu SEMPRE quebro a cara! Como eu pude cair nessa de novo, meu Deus?! E desde o começo eu sabia que ele não passava que um conquistador, e mesmo depois de tudo ele não sai da minha cabeça! Devo estar ficando louca!

Eu comecei a escutar o que estava tocando na rádio pra distrair. Começaram umas músicas agitadas que me fizeram esquecer o Beadles por alguns momentos. Mas depois começou a tocar “A Drop In The Ocean” do Ron Pope, que é trilha sonora de The Vampire Diaries uma das séries que eu mais gosto. Essa música trouxe tudo o que eu tentei esquecer:

“Uma gota no oceano
Uma mudança no tempo
Eu estava rezando pra que você e eu
Pudéssemos ficar juntos
É como desejar a chuva
Enquanto estou no meio do deserto
Por isso estou te segurando
Mais perto do que nunca
Pois você é meu paraíso (...)"


As lágrimas caíram pesadas.

 Ás vezes eu queria apenas não sentir mais nada, tipo arrancar meus sentimentos pra fora de mim e doar para quem precisasse. É uma merda quando você sente um sentimento que não é recíproco. Ele mentiu dizendo aquelas coisas, ele só queria me usar. Não tem coisa pior do que a sua felicidade depender de outra pessoa...

     
      Já eram 22:30, desliguei o rádio e fui tomar banho, um banho quente e relaxante, demorei uns 30 minutos lá dentro. Abri não muito a porta para sair o vapor da água, me enrolei na toalha, saí do box e me vesti com pijama. Estava com sono. Prendi o cabelo, me deitei e comecei a escutar músicas pra foder ainda mais com o meu psicológico. Acho que sou masoquista ou algo do tipo. Não tem outra explicação plausível pra eu estar escutando música Indie.

Enquanto as canções tocavam, eu imaginava como seria péssimo ver o Beadles amanhã no colégio e agora mais do que nunca a Ashley vai correr pra cima dele, não tenho estômago pra assistir isso. Tirei os fones de ouvido quando cansei das músicas e coloquei o celular para carregar. Antes de dormir, mandei uma mensagem para o Will:

Se importa de me levar para a escola amanhã?“

Depois de uns dois minutos recebo a resposta:

“Mas é claro que não! Te vejo às 07:00, vai dormir!“

“Obrigada e tá bom mamãe!” Conseguia imaginar o sorriso que ele estava formando ao ler essa mensagem.

Liguei o ar-condicionado, me cobri com o edredom e dormi finalmente.

(...)


No dia seguinte...

     
      Eu acordei às 06:00 com dor de cabeça. Não sou muito de falar palavrão quando eu acordo mas...

PUTA QUE PARIU!


Forcei meu corpo a sair da cama e fui em direção ao banheiro, tomei um banho frio e rápido para acordar. Hoje não estava frio, coloquei uma camiseta branca, uma bermuda jeans e meu all star preto básico. Acordei com algumas olheiras devido à choradeira da noite passada. Passei um pouco de base para escondê-las. Não posso aparecer abatida. Não posso dar esse gostinho a ele!
Quando vi no relógio, já eram 06:45. Penteei o cabelo rápido, peguei meu celular e fiquei esperando o William do lado de fora da casa, não estava com clima de ir pro colégio de skate hoje. Não demorou muito pra ele chegar:

-BOM DIA! - ele gritou bem alto, dando um susto nos meus ouvidos.

-Shiu! Quer acordar a vizinhança inteira?! - falei quase sussurrando.

-Não! Só a sua cara de sono já está bom pra mim. – ele disse torcendo o nariz.

-Ha-Há-Há, engraçadinho – Falei sarcástica.

-Então boneca, – Pode parecer um elogio, mas o Will sabe que eu odeio quando me chamam de boneca, pelo pequeno motivo de: odeio bonecos. – Vamos?

-Vamos, garoto! – dei um tapa em seu braço.

-Por que está me agredindo?

(...)

    
      Nós chegamos rápido no colégio, ainda não tinham aberto os portões, estavam todos do lado de fora ainda esperando bater o sinal.

-Ah lá. - disse o William resmungando. Olhei pra onde ele apontou com a cabeça. Christian estava sentado sozinho num banco, vi Justin tentando falar com ele. Christian disse alguma coisa parecida com: “Me deixa em paz!” e Justin foi embora. Não sei o que estava acontecendo direito, bom, ele já ganhou a aposta, porque estava encenando? Ele estava de casaco e com o capuz em cima da cabeça, de braços cruzados, parecia um fugitivo.

Justin estava vindo na minha direção, William percebeu.

-Segura aí moça, é melhor eu ir se não vou me estressar. Fui. - Ele me deu um beijo rápido no rosto e foi caminhando em direção à sua escola. Justin chegou até mim com uma cara meio estranha:

-Raquel, o Christian... - Nem o deixei terminar de falar:

-Cala a boca.

O sinal bateu.

Entrei direto no colégio e fui para o meu armário pegar o que eu precisava para a primeira aula, Christian fez o mesmo. Mas só que depois de mim. Ele estava me evitando. Me peguei o observando antes de entrar na sala. Sentei na segunda fileira, coloquei o livro de inglês na mesa e vi que ele se sentou lá no fundão. Ele olhou para o lado e logo em seguida olhou para mim, tentei virar o rosto mas mantive o olhar por uns 2 segundos, e me virei pra frente outra vez.

Ele estava digno de pena.

(...)

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------  

O que acharam desse capítulo? Ficou meio pequeno eu sei... Eu to pensando seriamente em fazer um especial Hot, o que vocês acham? Desculpem qualquer erro na digitação.

3 comentários: